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Couro falso invade mercado de luxo com versões veganas feitas de cogumelo, abacaxi e cactus

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Grifes de luxo como Stella McCartney, Hermès, Chanel e Hugo Boss estão entre as marcas que desenvolveram produtos com materiais veganos e mais sustentáveis. No Brasil, quando o material não é de origem animal, é proibido chamá-lo de couro. Oficialmente, couro é a pele do animal tratada. Pela legislação brasileira é proibido vender, sob o nome de couro, produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal. A lei também impede o uso da palavra couro para denominar produtos que não sejam de origem animal.
Por isso, o uso de termos como couro ecológico, couro sustentável, couro vegano, couro vegetal ou couro sintético são proibidos por lei no Brasil.
Proibido o termo ou não, o mercado vegano produz, cada vez mais, opções de têxteis que se assemelham esteticamente ao couro para criar opções menos nocivas ao meio ambiente e aos animais. E, claro, de olho no poder aquisitivo de quem não consome produtos de origem animal. Porém, é preciso reforçar que nem toda imitação de couro é necessariamente mais sustentável apenas por ser vegana (entenda mais abaixo).
Modelo de tênis vegano Stan Smith lançado pela parceria de Stella McCartney com a Adidas
Divulgação
Stella McCartney, estilista britânica e ícone fashion internacional, é uma das executivas do mundo da moda que defendem os direitos dos animais. Ela não usa couro e nem pele em suas coleções, e investe em materiais que sejam orgânicos e recicláveis. Há anos, ela mantém uma parceria com a Adidas e, juntas, as duas marcas desenvolvem produtos de origem 100% vegetal, como a versão do modelo de tênis Stan Smith (imagem acima), lançado por US$ 325 (aproximadamente R$ 1.600 na cotação atual).
A busca por alternativas sustentáveis chegou, inclusive, na marca francesa Hermès, que em 2021 lançou a versão do modelo de bolsa Victoria com um material semelhante ao couro, mas feito a partir de cogumelos (usado também por Stella McCartney).
Modelo Victoria da grife Hermès desenvolvida com tecido de cogumelos
Divulgação
A tecnologia que transforma cogumelos em tecidos é chamada de Mylo, e acontece a partir da cultivação do micélio, a parte vegetativa do fungo. O material foi desenvolvido pela startup Bolt Threads, que também já conquistou clientes como Kering (dona das grifes Gucci, Yves Saint Laurent, Bottega Veneta, Boucheron e Alexander McQueen), Adidas e Lululemon.
Além de cogumelos, o mercado internacional trabalha com tecidos de fibras de abacaxi, árvores, maçã, abacate, milho, cactos, entre outros. Uma das marcas mais conhecidas que desenvolve o tecido feito do abacaxi é a Piñatex, e o produto já foi usado, inclusive, em uma coleção de sapatos da Hugo Boss. O “couro” feito de abacaxi também já esteve em peças da Chanel, da Mango e da marca brasileira Insecta Shoes.
Tênis da marca Hugo Boss desenvolvido com tecido feito de abacaxi
Divulgação
Nem todo vegano é sustentável
Respeitando a lei brasileira, o empresário de calçados veganos Rosemir Folhas insiste que o tecido que imita couro deve ser chamado, no Brasil, de laminado. No ramo há 10 anos, ele explica que existem dois tipos de laminado usados com mais frequência no Brasil:
o poliuretano (PU) e policloreto de vinil (PVC), de origem mineral (petróleo);
e o laminado vegetal (feito de fibras ou látex).
“Não existem muitos materiais em termo de sustentabilidade no Brasil, algo que seja totalmente sustentável e vegano”, explica. Pela quantidade e pelo preço da importação de produtos desenvolvidos lá fora, o mercado brasileiro acabando trabalhando com opções veganas, porém menos sustentáveis.
“Para ser vegano não necessariamente tem que ser sustentável. Existem laminados desenvolvidos em cima da origem de petróleo, que é o PU. O Brasil também usa o PVC, mas ele é muito tóxico”, diz Folhas.
Apesar disso, o empresário afirma que a indústria de laminados veganos “está correndo atrás disso”, tentando alternativas que possam melhorar o PU, como desenvolver um produto a partir da mamona. No país, Rosemir comenta que “o mais sustentável hoje é o laminado vegetal feito de látex de seringueira com algodão orgânico”.
A dica de Rosemir Folhas é que as pessoas estejam atentas à descrição do material na hora de comprar. Ele, por exemplo, oferece opções um pouco mais caras, mas mais sustentáveis, ou um pouco menos sustentáveis, mas mais baratas.

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