Do rock ao roll: pai fã de Deep Purple protocola pedido a prefeito para dar ao filho nome ‘proibido’ e realiza sonho
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1 ano ago
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Nesta série de reportagens especiais exclusivas do g1, você confere as maiores loucuras que fãs do Oeste Paulista fizeram em nome do bom e velho rock and roll. Luciano Luck e o filho, Ian Machado Lopes, que nasceu em Portugal
Arquivo pessoal
Qual foi a maior loucura que você já fez em nome de uma paixão? Para os fãs de rock and roll do Oeste Paulista, elas são várias. Afinal, a irreverência é uma das marcas que unem a vida dessas pessoas ao amor pelo gênero eletrizante que ultrapassa gerações e faz nascer histórias como a de Luciano Luck.
Ele morava havia quatro anos em Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, em Portugal, quando descobriu que seria pai, em 2003. O frio na barriga e a ansiedade em gerar uma vida quase se confundiram com o desejo pulsante de dar ao filho o nome de Ian, em homenagem a um dos seus maiores ídolos do rock: Ian Gillan, vocalista do Deep Purple. O riff inconfundível de “Smoke on the Water”, um dos sucessos do álbum “Machine Head”, lançado pela banda londrina em 1972, foi o responsável por fazer o fã, hoje, com 50 anos, ser atraído, ainda na adolescência, pelo gênero que eternizou um dos precursores do heavy metal e do hard rock pelo mundo.
‘Proibido’
Para além de homenagear um dos maiores vocais, dar ao filho o nome do ídolo representava também uma forma de transferir o amor pelo rock às futuras gerações.
Entre ele e a esposa, ficou combinado que, se fosse menino, o pai poderia escolher o nome, já, se fosse menina, a mãe escolheria. No ultrassom, o casal viu pela primeira vez o filho.
“Foi a melhor sensação do mundo saber que era menino e eu iria dar o nome. Fiz uma lista dos vocalistas de que mais gosto”, relembrou ao g1.
Sob influência do pai, Ian e Letícia cresceram escutando rock
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A descoberta do sexo do bebê anunciou o nome que os pais jamais esqueceriam. O que eles não esperavam é que, na época, Portugal não admitia registros de nomes estrangeiros, e Ian estava na lista dos “proibidos”.
A notícia foi dada ao pai, que havia ido até o Cartório de Registro Civil para oficializar o nome de Ian. Diante da negativa, um amigo português de Luck sugeriu que ele procurasse um advogado.
“Na época, fui a um advogado do Estado e protocolei um pedido ao prefeito e presidente da Câmara de Coimbra”, contou.
Um ‘suspiro’ de alegria
Ao g1, o morador do Jardim Bongiovani, em Presidente Prudente (SP), disse que, ao contrário do que imaginava, o processo não demorou a ser concluído. No entanto, a espera foi difícil, já que a esposa havia aceitado completamente a ideia e dizia que não podia ser outro nome.
“Eu fui rever minha lista para ver o que daria para ser feito caso não tivesse sucesso, aí surgiu André, de Andre Matos [vocalista das bandas Viper, Angra e Shaman]. Provavelmente, se não desse, seria André, pois Robert, Bruce e Paul ficariam fora de questão, já que também eram nomes estrangeiros”, recordou Luck.
Os momentos de apreensão, porém, deram lugar a um único e inesquecível “suspiro” de alegria. Em poucos dias, Luciano recebeu uma ligação do advogado que havia contatado.
“Uma semana depois de eu entrar com o pedido, o Dr. Rui me ligou e pediu pra que eu fosse ao cartório novamente, porque daria certo o registro do meu filho. Eu fui correndo. Inclusive, deixei o carro aberto só para ver o registro ‘Ian Machado Lopes’. Fiquei feliz demais”, lembrou à reportagem.
Amor de Luck pelo rock transcendeu gerações e marcou o DNA dos filhos
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Roqueiro de alma
Ian Gillan também foi um dos responsáveis por Luciano Luck ter aprendido a cantar e ter sido o vocalista principal em duas bandas de rock, a “Fright Night” e a “Evil Ways”, entre os anos de 1997 e 2000.
“Tudo o que faço é acompanhado de rock. Na fachada da minha loja, no Jardim Bongiovani, as letras, por exemplo, são baseadas na tipografia da banda Kiss”, observou.
Luciano Luck foi vocalista principal das bandas “Fright Night” e “Evil Ways”, entre os anos de 1997 e 2000
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No acervo do técnico em celulares e tablets, mais de mil discos foram colecionados ao longo dos anos, um amor que transcende gerações e marca o DNA dos filhos. Além de Ian, Luck também é pai de Letícia Machado Lopes, fã assídua de metal.
“Os dois são roqueiros por 99,9% de influência minha”, enfatizou ao g1.
Nesta quinta-feira (13), Dia Mundial do Rock, pai e filha assistirão juntos pela primeira vez ao show de Sepultura, banda de heavy metal que se apresentará na 13ª edição do Sesc Thermas do Rock, em Presidente Prudente.
“Vou chorar, com certeza. Vai ser emocionante demais. Para mim, o rock não está no sangue e, sim, na alma, porque o sangue seca, já a alma nunca morre”, definiu o pai.
Série especial
Nesta semana em que é comemorado o Dia Mundial do Rock, o g1 publica uma série exclusiva de três reportagens especiais em que você poderá conferir as maiores loucuras que fãs do Oeste Paulista fizeram em nome do bom e velho rock and roll.
A história da família de Luciano Luck abre a série nesta terça-feira (11).
As outras duas reportagens serão publicadas na quarta-feira (12) e na quinta-feira (13).
Fachada da loja do técnico em celulares e tablets, no Jardim Bongiovani, tem letras baseadas na tipografia da banda Kiss
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