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Milan Kundera: ‘A Insustentável Leveza do Ser’ e mais três obras para conhecer o autor

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Autor, que foi um observador sarcástico da condição humana, morreu nesta terça-feira (11), aos 94 anos. Milan Kundera, autor de ‘A Insustentável Leveza do Ser’, morre aos 94 anos
Escritor tcheco que se tornou francês, eterno candidato ao Prêmio Nobel, Milan Kundera, que morreu na terça-feira (11) aos 94 anos, foi um observador sarcástico da condição humana, autor de romances sombrios, provocadores e sem resposta fáceis.
“O romancista não precisa prestar contas a ninguém, exceto a Cervantes”, explicou em uma ocasião este autor de 15 obras, entre romances, peças de teatro e ensaios.
Retrato feito em 14 de outubro de 1973 mostra o escritor Milan Kundera em Praga
AFP
Kundera começou escrevendo em tcheco, mas no final dos anos 1970, após exilar-se na França, decidiu produzir em francês.
Seu último romance, “A Festa da Insignificância”, que relata as peripécias de quatro amigos que vivem em Paris, foi lançado em 2014 e rompeu um silêncio de 14 anos.
Avesso à fama, o escritor fugiu dos meios de comunicação por mais de três décadas, embora fosse possível observá-lo passeando com sua esposa Vera no bairro em que morava em Paris, cidade em que morreu.
Kundera exilou-se na França com sua esposa Vera. Naturalizado francês em 1981, escolheu a língua francesa para escrever, marcando uma ruptura com seu país de origem, que retirou a nacionalidade tcheca em 1978 e a devolveu em 2019, muitos anos após o fim do comunismo.
A seguir, as obras de mais destaque do escritor:
‘A Brincadeira’ (1967)
“A Brincadeira”, o primeiro romance de Milan Kundera, que o escritor francês Louis Aragon descreveu como uma “obra importante”, foi publicado na Tchecoslováquia em 1967, durante o período de abertura ideológica que antecedeu a Primavera de Praga, e foi um grande sucesso.
‘A Brincadeira’, obra de Milan Kundera, de 1967
Reprodução/Amazon
Durante a ditadura comunista dos anos 1950, um estudante prega uma peça política em sua companheira, o que provoca sua exclusão da universidade e a inscrição em um batalhão disciplinar. Anos depois, ele conhece por acaso a esposa do amigo que habilmente planejou sua queda. Para se vingar dele, o protagonista consegue seduzir a mulher. Quando o protagonista conta a verdade para a esposa do amigo, ela tenta se suicidar, mas, por engano, toma laxantes em vez de barbitúricos.
Para este romance polifônico (com quatro personagens narrativos), Kundera se inspira em sua própria experiência, quando foi expulso do Partido Comunista em 1950.
Seguindo a tradição literária da Europa Central, o autor usa o humor e o grotesco para mostrar como a História esmaga ilusões políticas e destinos individuais.
‘A Vida Está em outro Lugar’ (1969)
“A Vida Está em Outro Lugar” consagrou Milan Kundera como um dos maiores escritores tchecos de sua geração e rendeu o prestigioso Prêmio Literário Francês Medicis, de 1973, de Melhor Romance Estrangeiro. O livro foi publicado em seu país natal apenas em 2016.
‘A vida está em outro lugar’, de Milan Kundera, de 1969
Reprodução/Amazon
A história conta a vida de um poeta surrealista perseguido por uma mãe castradora.
Nem a criação artística nem a ação revolucionária permitem que ele se liberte e morrerá de maneira absurda. Como Jaromil, o protagonista, Kundera dedicou-se na juventude à “musa poética” antes de fazer o que chamou de sua “conversão antilírica” que o conduziu ao romance existencial.
‘A Insustentável Leveza do Ser’ (1984)
Escrito em 1982 e publicado pela editora francesa Gallimard em 1984, “A Insustentável Leveza do Ser” é considerada a obra-prima de Kundera. Não foi publicado na República Tcheca até 2006.
Escrito em Paris, onde o autor vivia exilado desde 1975, o livro conta a história de dois casais da burguesia intelectual e artística de Praga, pouco antes da invasão soviética da cidade em 1968.
‘A Insustentável Leveza do Ser’, de Milan Kundera, lançado em 1984
Reprodução/Amazon
Tomas é um cirurgião promíscuo; sua esposa, Teresa, uma fotógrafa que vive angustiada com as infidelidades do marido. Sabina, amante de Tomas, é uma artista hedonista de mente livre; e Franz, um professor suíço preso em um casamento infeliz, vive apaixonado por Sabina. A partir dessas histórias aparentemente simples, o romancista questiona a noção do eterno retorno e se apoia no paradoxo existencial: sofremos com o peso dramático de nossa existência ou com a insignificância das nossas vidas?
‘A Lentidão’ (1995)
Depois de descobrir, horrorizado, as liberdades que haviam sido tomadas na tradução francesa de “A Brincadeira”, Milan Kundera dedicou boa parte de seu trabalho à revisão de sua obra traduzida, retrabalhando completamente as versões francesas de “A Brincadeira”, “Risíveis Amores”, “A Vida está em Outro Lugar”, “A Valsa dos Adeuses”, “O Livro do Riso e do Esquecimento” e “A Insustentável Leveza do Ser”.
‘A Lentidão’, de Milan Kundera, de 1995
Reprodução/Amazon
Em 1995, publicou “A Lentidão”, o primeiro de um ciclo de quatro romances curtos e muito sóbrios, escritos diretamente em francês. Um acontecimento e tanto no universo literário que abriu as portas do cenário internacional, mas que também rendeu as primeiras críticas negativas.
O livro critica a obsessão da civilização ocidental pela velocidade.

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