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Atores de Hollywood entram em greve após fracasso em negociações com estúdios

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Grande parte dos 160 mil membros do sindicato se junta aos roteiristas, paralisados desde maio, na maior greve em Hollywood desde 1960. A presidente do Sindicato dos Atores, Fran Drescher (de branco), e o líder da negociação, Duncan Crabtree-Ireland (de boné e óculos), e outros membros da organização anunciam greve da categoria
Mike Blake/Reuters
O sindicato que representa os atores de Hollywood (SAG-AFTRA, na sigla em inglês) anunciou que a categoria entra em greve a partir da meia-noite desta quinta-feira (13). Com isso, grande parte dos seus 160 mil membros se junta aos roteiristas, paralisados desde maio, na maior greve do entretenimento americano desde 1960.
Em coletiva de imprensa, a presidente do SAG, Fran Drescher, e o líder das negociações, Duncan Crabtree-Ireland, falaram sobre a decisão. Segundo eles, alguns membros, como atores de comerciais ou de audiolivros, ainda podem manter suas atividades.
“Quando empregadores fazem de Wall Street e da ganância suas prioridades e esquecem dos contribuidores essenciais que fazem a máquina funcionar, nós temos um problema, e estamos vivendo isso neste momento”, afirmou Drescher.
“Este é um momento muito seminal para nós. Comecei pensando seriamente que poderíamos evitar uma greve. A gravidade dessa mudança não passou despercebida por mim ou por nosso comitê de negociação, ou por nossos membros do conselho, que votaram unanimemente para prosseguir com uma greve. É uma coisa muito séria que afeta milhares, senão milhões de pessoas em todo o país e ao redor do mundo.”
A organização já tinha anunciado o fracasso nas negociações com representantes dos estúdios ao longo da madrugada, após o fim do contrato vigente na meia-noite da quarta-feira (12) no horário de Los Angeles — um prazo que já tinha sido estendido em 12 dias no começo de julho.
Com 160 mil membros, o Sindicato dos Atores disse em comunicado na noite de terça-feira (11) que não confiava que os empresários teriam intenção de negociar um acordo. Em junho, a organização já tinha votado e aprovado a realização de uma greve em caso de fracasso nas negociações.
As negociações se concentraram em melhores salários e outros benefícios, além de definir o uso da inteligência artificial na produção de filmes e programas de televisão, para garantir que suas imagens digitais não sejam recriadas sem autorização.
Uma greve dupla, algo que não se vê em Hollywood há mais de 60 anos, deve paralisar quase toda a produção cinematográfica e televisiva nos Estados Unidos.
Em um momento em que a indústria tenta ainda se recuperar dos anos difíceis da pandemia, a paralisação pode impedir que as estrelas promovam alguns dos lançamentos de verão altamente aguardados e participam de festivais importantes dos próximos meses, como o de Veneza.
Na premiere de Londres de “Oppenheimer”, novo filme de Christopher Nolan, os atores estiveram no tapete vermelho mas depois deixaram o evento em solidariedade à decisão do sindicato, que ainda nem tinha sido anunciada.
A última grande greve em Hollywood, quando roteiristas paralisaram as atividades entre o final de 2007 e o começo de 2008, teve um impacto de cerca de US$ 2 bilhões na economia da Califórnia, segundo analistas.
Demandas contratuais
Esta será a primeira vez que atores e roteiristas de Hollywood entrarão em greve simultaneamente desde 1960, quando Ronald Reagan, ator e futuro presidente dos Estados Unidos, liderou uma ação que obrigou os estúdios a aceitarem concessões.
Os atores também pedem os “residuais”, pagamentos feitos toda vez que um filme ou programa que eles estrelaram é exibido em uma emissora ou na TV a cabo – uma renda particularmente útil quando os artistas estão entre vários projetos.
Hoje, porém, plataformas como Netflix e Disney+ não divulgam os dados de audiência de seus programas e oferecem um valor fixo para tudo que está disponível em seus catálogos, sem considerar a popularidade de uma produção.
Para dificultar ainda mais o cenário, há a questão da inteligência artificial. Atores e roteiristas querem garantias de que seu futuro uso será regulamentado, mas os estúdios até agora se recusaram a ceder.

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