‘Try That In A Small Town’, de Jason Aldean, domina audiência americana, depois de se tornar alvo de uma enxurrada de críticas e acusações de racismo. Cantor Jason Aldean causa polêmica com clipe nos Estados Unidos
“Try That In A Small Town”, de Jason Aldean, está no topo da Billboard Hot 100, ranking de audiência americana da revista “Billboard”. O pódio vem após o músico ser alvo de uma enxurrada de críticas que o acusam de racismo.
O videoclipe da faixa foi editado dias depois do lançamento, em julho. Com uma letra nacionalista e policialesca, a obra original exibia cenas reais de protestos do movimento Black Lives Matter. O trecho sumiu pouco após o pipocar das primeiras críticas.
O cenário escolhido para a gravação também causou polêmica. O local foi palco de um famoso caso de racismo da década de 1920.
A onda de críticas contra Aldean tem rendido a ele a pecha de racista, mas não só. Graças à polêmica, o artista emplacou a canção, lançada dois meses antes do clipe, no topo da Hot 100.
Jason Aldean lidera a Billboard Hot 100 com ‘Try That In A Small Town’
Reprodução
O que diz a letra
Em “Try That In A Small Town”, o músico canta versos como: “Você acha que isso é legal, então, se quiser aja como um tolo/ desrespeite um policial, cuspa em seu rosto/ pise na bandeira e queime-a / sim, você pensa que é valentão”.
“Então, tente isso em uma cidade pequena/ veja quão longe conseguirá chegar na estrada/ por aqui, cuidamos dos nossos/ se você cruzar a linha, não demorará muito/ para descobrir/ eu recomendo que não tente isso em uma cidade pequena.”
O músico Jason Aldean
Reprodução/YouTube
O eu lírico também se orgulha de ter uma arma e elogia seus conterrâneos, que define como “bons e velhos garotos”.
O que dizem as cenas
Numa celebração à pátria, a bandeira dos Estados Unidos surge, desde o início do videoclipe, como um símbolo injustiçado e resiliente. O mesmo acontece com a polícia, retratada como heroína.
Contrapondo as figuras endeusadas, há cenas de criminosos, vândalos e manifestantes. Pessoas pintadas como o que há de mais perigoso e desprezível no país.
Coquetéis molotov, manifestantes tocando violão, assaltos à mão armada, dedos do meio, depredação de lojas, carros incendiados e a frase “Deus abençoe à América”. São algumas das imagens que compõem o clipe.
Cena do clipe ‘Try That in a Small Town’, de Jason Aldean
Reprodução/YouTube
A primeira versão do clipe tinha ainda seis segundos de noticiário da Fox 5 Atlanta voltados à onda de protestos do Black Lives Matter, em 2020 — emergida como resposta ao assassinato do negro americano George Floyd, asfixiado pelo policial branco Derek Chauvin.
A comparação entre Black Lives Matter e o mundo do crime abriu brecha para pessoas afirmarem que Aldean não só condena o movimento negro, como também é racista.
Segundo a gravadora BBR Music Group, a remoção das cenas aconteceu por “problemas de direitos autorais de terceiros”. A Fox 5 não comentou o caso.
Além de passar por uma edição, o clipe foi também excluído do canal do YouTube da Country Music Television, ficando apenas na página do artista.
O que diz o cenário
Outro ponto central para as acusações contra Aldean é o cenário. No clipe, o músico e sua banda se apresentam em frente ao Tribunal do Condado de Maury, em Columbia, no Tennessee.
O local tem uma história sangrenta. Em 1927, justiceiros brancos enforcaram o jovem negro Henry Choate numa janela do prédio, acusando-o de ter atacado uma mulher branca, que nunca o identificou como seu agressor.
A produtora TackleBox afirma ao jornal americano “The Washington Post” que não foi o músico quem optou pelo cenário e que qualquer teoria sobre o motivo da escolha “é falsa”.
O que diz Jason Aldean
Numa publicação no Twitter, Aldean nega ter sido racista e ter criminalizado o Black Lives Matter. Segundo ele, as acusações são “sem mérito e perigosas”.
“Não há uma única letra na música que faça referência a raça, ou lhe aponte”, afirma ele. “Embora eu possa tentar respeitar os outros para ter própria interpretação da música, esta vai longe demais.”
“‘Try That In A Small Town’, para mim, se refere ao sentimento de comunidade que tive durante meu crescimento, quando cuidávamos de nossos vizinhos, independentemente das diferenças de origem ou crença.”
