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Clarice Falcão joga fragilidades, ilusões e incertezas na pista de ‘Truque’

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Artista lança hoje o quarto álbum, arquitetado com o produtor musical Lucas de Paiva, com quem repete a parceria do eletrônico disco anterior ‘Tem conserto’. Capa do álbum ‘Truque’, de Clarice Falcão
Design de Felipe Araújo a partir de ideia de Pedro Pinho
Resenha de álbum
Título: Truque
Artista: Clarice Falcão
Edição: Chevalier de Pas
Cotação: ★ ★ ★
♪ Diagnosticada com transtorno bipolar, Clarice Falcão estava no fundo do poço quando concebeu e lançou o terceiro álbum, Tem conserto (2019), denso disco de arquitetura eletrônica que abordou a questão da saúde mental, pondo a artista pernambucana na pista em parceria com o produtor musical Lucas de Paiva.
No mundo digital a partir das 21h de hoje, 10 de agosto, o quarto álbum da cantora e compositora, Truque, flagra Clarice ainda no poço, mas esse poço já não é tão fundo e, por ele, a artista já vê frestas de luz e esperança entre flashes de (des)ilusão sobre relacionamentos afetivos.
“Tá gostoso aqui nesse fundo do poço”, avisa a cantora em verso da música intitulada justamente Fundo do poço.
Truque é disco ambientado em universo noturno, como já sinalizara o primeiro single, Chorar na boate, lançado em 6 de junho. No álbum, que já gerou também um segundo single, Ar da sua graça, Clarice Falcão bisa a parceria com o produtor musical Lucas de Paiva, arquiteto das batidas eletrônicas e colaborador da artista na criação do inédito repertório autoral autoral.
Em essência, Clarice Falcão se expõe vulnerável, jogando fragilidades, (in)certezas e (in)seguranças na pista ao longo de 10 músicas dispostas em 12 faixas (Quatro da manhã é vinheta com ruídos-ambientes que totalizam 37 segundos enquanto a música que abre o disco, Dimensão, se repete ao fim como Segunda dimensão).
Truque se revela álbum menos denso do que Tem conserto, mas tampouco tem a leveza pop de Problema meu (2016), exceto em Quero acreditar, faixa que apresenta solar EDM. Distante da linearidade folk do álbum de estreia, Monomania (2013), disco lançado há dez anos, Clarice Falcão segue narrativa conceitual em Truque com doses maiores de autoconhecimento do que de ironia.
Entre a confissão de estar sob o domínio do outro (feita em Eu destruo), a admissão de ter levado bolo (“Tomei um truque”, admite na música-título Truque, faixa encorpada com cordas sintetizadas e batida que esboça o suingue de um samba) e a esperança (ilusória) da já mencionada Quero acreditar, a cantora se mostra humanizada em repertório alimentado por emoções reais como o reconhecimento da dependência do outro na balada Dizer adeus (“Eu não sei me despedir”).
Sem sair de universo particular, Clarice Falcão segue fora da linha de montagem que padroniza o pop brasileiro. Curiosamente, parece inexistir truques em Truque.

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