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Como o Homem-Aranha ajudou o Oscar a entender animações, segundo o diretor de ‘Aranhaverso’

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Para Joaquim dos Santos, filme ‘abriu conversa’ sobre faixa etária do público de animações. Crítico do tratamento dado ao gênero na indústria, ele fala ao g1 sobre condições de trabalho: ‘Cronogramas e prazos podem ser bem apertados’. Se “Através do Aranhaverso” ganhar o Oscar de Melhor Animação neste domingo (10), o Homem-Aranha se tornará o super-herói mais premiado pela Academia de Hollywood. Ele já venceu na mesma categoria com “Homem-Aranha: No Aranhaverso”, em 2019, e em Melhores Efeitos Visuais, com “Homem-Aranha 2”, em 2005.
Veja a lista com todos os indicados ao Oscar 2024
“É fácil para mim falar agora do potencial do filme, estando deste lado das coisas, mas acho que ninguém da equipe trabalhou pensando que poderia ganhar o Oscar”, diz ao g1 o diretor Joaquim dos Santos, que comandou o projeto ao lado de Kemp Powers e Justin K. Thompson.
Oficialmente, Joaquim não concorre à estatueta. A Academia estabelece um limite de número de indicados para cada filme em várias categorias, incluindo a de animação. Os outros dois diretores e os produtores Phil Lord, Christopher Miller e Amy Pascal foram escolhidos para representar “Aranhaverso”.
Celebrado pela crítica e com bilheteria de quase US$ 700 milhões no mundo todo, a sequência conquistou apenas a indicação de animação no Oscar deste ano, sendo preterida em categorias como efeitos visuais e trilha sonora original.
Joaquim dos Santos é um dos três diretores de ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’
Divulgação
Ainda há “espaço a conquistar” para as animações no circuito de premiações de Hollywood, na opinião de Joaquim. Ele é um crítico do tratamento dado ao gênero na indústria, que muitas vezes reflete em más condições de trabalho para os animadores.
Atualmente, projetos do tipo não são cobertos pelo WGA, o Sindicato de Roteiristas dos Estados Unidos, e têm regras diferentes no DGA, o Sindicato dos Diretores.
“Sempre que você quer fazer algo realmente incrível, é preciso um pouco de sacrifício. Eu não sei se já ouvi falar de algum artista que nunca sofreu por sua arte”, argumenta. “Mas também é preciso levar em consideração o tempo e as condições para fazer o trabalho.”
“[Em projetos de animação], há momentos em que os cronogramas e prazos podem ser bem apertados. Acho que as pessoas fazem seu melhor trabalho quando se sentem reconhecidas, têm tempo para trabalhar e tempo para descansar.”
Cena de ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’
Divulgação
Nesse cenário, ele afirma, “Aranhaverso” tem cumprido um papel importante: mostrar à indústria que as animações podem ser bem lucrativas.
“Uma das coisas que me deixam mais honrado em ter feito parte desse filme é que ele abriu uma conversa sobre a quais faixas etárias são destinadas as animações”, diz. “Isso está ajudando a Academia a entender que elas são um grande negócio para indústria e têm algo a dizer para além de apenas falar com crianças. Elas têm um público amplo.”
Joaquim Aranha
O g1 conversou com o diretor de “Através do Aranhaverso” no Anime Awards 2024, a mais importante premiação dos desenhos japoneses, que aconteceu em Tóquio no início de março. O evento é promovido pela plataforma Crunchyroll.
A influência da animação japonesa é um dos mais fortes traços do trabalho de Joaquim. “Agora obviamente tudo está muito mais globalizado. Mas, quando eu estava começando a trabalhar para outros animadores, eles ficavam tipo: ‘Por que tudo que você faz parece um mangá?’. Esse é o jeito como eu desenho.”
O diretor diz que um de seus grandes sonhos é criar uma animação inspirada no jogo de luta “Street Fighter”, desenvolvido no Japão nos anos 1980. Em 2018, ele chegou a compartilhar nas redes sociais a imagem de um esboço do projeto.
Esboço de animação inspirada em ‘Street Fighter’, criada pelo diretor Joaquim dos Santos, de ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’
Reprodução/Twitter
Nascido em Portugal e criado nos EUA, Joaquim ficou conhecido no meio da animação pelo trabalho na série animada da Liga da Justiça, a partir de 2001. Desde então, também trabalhou em “Avatar: A Lenda de Aang”, “A Lenda de Korra” e no primeiro “Minions”, de 2015.
A estreia com o Homem-Aranha foi em “Através do Aranhaverso” — ele não participou da primeira animação da franquia, de 2018. Mas sua relação com o herói é muito mais antiga. Vem de berço, literalmente.
“Meu nome do meio é Aranha, e tem uma aranha no brasão da minha família. A primeira lembrança da minha vida é de quando eu estava no berço e tinha um pôster do Homem-Aranha, que meus pais colocaram no meu quarto”, conta.
“Isso é só um exemplo de que não há nenhum momento da minha vida em que o Homem-Aranha não tenha sido importante pra mim.”

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