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Phoenix, atração do Lollapalooza, gravou álbum no Louvre e se manteve ‘cool’ após hinos indies

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Banda francesa estourou em 2009, com os hits ‘Lisztomania’ e ‘1901’, mesmo sem acreditar que poderia fazer sucesso: ‘Cantamos sobre coisas que as pessoas não se importam’. Num passado não tão distante, o álbum “Wolfgang Amadeus Phoenix” embalou os sonhos blasé de uma legião de jovens com calças curtas e cachecóis.
O ano era 2009 e todo adolescente alternativo queria ser francês: o filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, lançado 8 anos antes, tinha voltado à moda, a dupla de música eletrônica Daft Punk ganhou dois Grammys e andar por aí usando boina era tendência, até no Brasil.
Criada por quatro amigos na refinada cidade de Versalhes, a banda Phoenix já havia lançado outros três discos, sem a mesma repercussão. Mas foi a partir de “Wolfgang” que se tornou a perfeita representação do “je ne sais quoi” francês no rock, cantando em inglês os dilemas de uma juventude urbana despreocupada e desapegada.
O álbum bateu recorde e ficou mais de um ano e meio na parada americana da revista “Billboard”, um feito surreal para um grupo de indie rock da França.
Confira a apresentação da banda ‘Phoenix’ no Planeta Atlântida 2018
As faixas “Lisztomania” e “1901” até hoje são consideradas hinos do movimento indie, que na Europa também deu origem a grupos como Arctic Monkeys, Belle & Sebastian e Florence and the Machine. Elas estarão presentes no show da banda no domingo (23) de Lollapalooza, em São Paulo.
Veja a programação completa do Lollapalooza 2024
“A gente sabe que tem poucas chances, mas às vezes uma ou outra música nossa faz sucesso”, disse o guitarrista Laurent Brancowitz ao g1 em 2017. Ele contou sempre ter acreditado que o Phoenix fazia uma música estranha demais para fazer sucesso.
“Cantamos sobre coisas que as pessoas não se importam geralmente… Pense em ‘Liztomania’, é tão diferente, né?”
A música, maior hit do Phoenix, faz referência à reação histérica aos concertos do compositor húngaro Franz Liszt (1811-1886) no século 19, um fenômeno comparado por historiadores ao tratamento dado às celebridades da música atualmente.
Brancowitz analisa com certo distanciamento a produção musical de hoje. Para ele, vivemos em um mundo que produz “duas ou três boas canções por ano”. “O resto é merda”, avaliou, rindo.
“Existem ondas na indústria da música, e cada moda dura certo tempo. Às vezes, as músicas das paradas têm mais guitarra, mais batidas, são mais urbanas… Sempre foi assim”, argumentou.
“Agora o R&B está mais forte e criativo, mas há 10 anos a inovação parecia estar nos indies.”
Som esquisito
Diferentemente de outros grupos alternativos que alcançaram o “mainstream”, o Phoenix não se deixou levar pelo sucesso. Pelo contrário: depois de “Wolfgang”, o som ficou ainda mais esquisito no álbum “Bankrupt!”, de 2013, mais influenciado pela música eletrônica — Brancowitz fez parte do Darlin’, banda que deu origem ao Daft Punk.
Naquele ano, o Phoenix chegou a ser uma das atrações principais do Coachella, maior festival de música do mundo, na Califórnia (EUA), na mesma posição em que já estiveram Beyoncé, Radiohead e Kanye West.
A banda Phoenix durante a turnê do disco ‘Ti Amo’, de 2017
reprodução/Facebook
Já o disco “Ti Amo”, de 2017, é inspirado numa visão romântica da Itália. “É sobre estar em um paraíso que você ama”, definiu o guitarrista, na entrevista ao g1.
“Alpha Zulu”, de 2023, é o álbum com o qual a banda vem ao Brasil para o Lolla. Com o indie de novo em alta em meio a um “revival” dos anos 2000, o Phoenix provou que nunca deixou de ser “cool”.
O projeto foi gravado no Musée des Arts Décoratifs, ala do Museu do Louvre, em Paris, que abriga milhares de roupas, móveis e objetos de decoração da Idade Média. Uma sala privada dentro do espaço foi convertida em estúdio de gravação. O vocalista Thomas Mars contou à revista “GQ” em 2022:
“Em vez de discos de ouro, tínhamos o trono de Napoleão e todos os grandes artefatos que a França e a Europa produziram.”
O interior do Musée des Arts Décoratifs, onde a banda Phoenix gravou o disco ‘Alpha Zulu’
Creative Commons
“Temos tendência a nos sufocar nas paredes de um estúdio profissional, mas pela minha experiência ficamos mais inspirados por essas coisas.”
“Alpha Zulu” foi idealizado durante a pandemia. A maior parte das músicas foi feita num período de três semanas no início de 2021, quando Mars — que mora em Nova York com a mulher, a cineasta Sofia Coppola — foi a Paris para encontrar os colegas de banda: além de Brancowitz, o guitarrista Christian Mazzalai e o baixista/tecladista Deck D’arcy.
O resultado é uma divertida sequência de músicas cosmopolitas, criadas para brilhar nos palcos de festivais em qualquer lugar do mundo. Mas sem nunca perder a “francesidade”. Mars disse à “GQ”: “Ser francês é algo que fazemos por natureza, não estamos nos forçando a fazer isso.”
“É preciso transformar isso em uma vantagem, caso contrário, isso será de alguma forma nossa desvantagem. Criar nossa própria linguagem usando todas essas referências que são obscuras e torná-las óbvias, e fazer o álbum girar em torno disso, faz sentido para nós.”
O Phoenix também se apresentou na edição de 2014 do Lollapalooza
Flavio Moraes/G1

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