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Jorge Ben Jor chega aos 85 anos como artista fundamental da música brasileira, dono de obra matricial

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Cantor, compositor e músico carioca apresentou em 1963 um admirável mundo novo ao país tropical com a ‘batida diferente’ de violão de toque miscigenado e suingue inigualável. ♪ ANÁLISE – A meteorologia prevê que na noite de hoje vai chover chuva sem parar no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal de Jorge Ben Jor. Eventos culturais estão sendo cancelados. Ao menos em espírito, a Banda do Zé Pretinho vai estar reunida para animar a festa dos 85 anos de Jorge Ben Jor. Nascido em 22 de março de 1939, Jorge Lima Menezes faz 85 anos nesta sexta-feira chuvosa.
O carioca flamenguista Jorge chega aos 85 anos como um Ben maior da cultura nacional, um artista fundamental na cronologia da música do Brasil, país tropical pela própria natureza miscigenada. Ainda na ativa, tendo sido anunciado como uma das atrações principais da segunda edição do festival carioca Doce maravilha, programada para maio, Jorge Ben Jor é uma matriz sonora.
Quando foi projetado em 1963, com o álbum Samba esquema novo, o cantor, compositor e músico de fato apresentou admirável mundo novo ao violão. Com a batida diferente do violão de Jorge Ben, surgiu bossa negra que amalgamou toques da música norte-americana (notadamente o rock e o soul), samba e outros gêneros musicais brasileiros filtrados pela matriz africana.
A bossa negra de Jorge Ben ganhou o mundo (reprocessada em 1966 nos Estados Unidos pelo toque do pianista fluminense Sergio Mendes), influenciou os arquitetos da Tropicália, marcou posição política contra o racismo – com álbuns politizados e repletos de orgulho como Negro é lindo (1971) – e reverenciou amorosamente a mulher negra, sem objetificar o corpo preto feminino.
Tudo isso sem nunca deixar de animar a festa com suingue inigualável que muitos tentaram reproduzir, mas somente ele, Ben, sabe o ponto e o balanço exatos.
Em cena desde 1955, ano em que foi admitido como pandeirista acompanhante do Copa Trio em shows no Beco das Garrafas, Jorge Ben Jor foi um dos integrantes mais famosos da lendária Turma da Tijuca – formada por grupo juvenil de amigos então aspirantes ao estrelato, como Erasmo Carlos (1941– 2022) e Tim Maia (1942 – 1998) – mas, a rigor, nunca pertenceu a um movimento e a uma turma como rótulo. Em 1963, Jorge Ben Jor criou o próprio movimento, sendo seguido por todos.
O suprassumo da obra do artista está concentrado no período que vai de 1963 a 1976. Foram nesse anos áureos que vieram ao mundo o álbum tropicalista Jorge Ben (1969) – disco que marcou a ressurreição do cantor nas paradas após fase de ostracismo – e A tábua de esmeraldas (1974), álbum que sedimentou a paixão do artista pela alquimia, também mote do posterior Solta o pavão (1975).
O álbum África Brasil chegou na sequência, em 1976, encorpando e eletrificando o som de Jorge Ben Jor em fusão que unia samba, funk, rock e soul a partir do elo africano, matriz dos sons dos terreiros entranhados no cancioneiro do artista.
A partir de 1978, contratado pela gravadora Som Livre, Jorge passou a gravar e a se apresentar com A Banda do Zé Pretinho em álbuns também relevantes, embora não essenciais como os discos anteriores lançados pela Philips entre 1963 e 1976.
O declínio criativo ficou evidente a partir da segunda metade dos anos 1980. Contudo, àquela altura, Jorge Ben Jor já havia construído obra matricial, indestrutível e única com cancioneiro que tem lhe garantido público fiel e entusiasmado em todos os shows.
Gigante na trilha sonora do Brasil, Jorge Ben Jor anima qualquer festa em qualquer hora mesmo quando chove chuva sem parar.

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