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Black Pantera une melodia, ativismo e força em ‘Perpétuo’, quarto álbum do ascendente trio mineiro de rock pesado

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Black Pantera cita versos de Mano Brown e Maya Angelou (1928 – 2014) ao longo do quarto álbum, ‘Perpétuo’, lançado em 24 de maio
Marcos Hermes / Divulgação
Capa do quarto álbum da banda Black Pantera, ‘Perpétuo’
Marcos Hermes com arte de Pedro Hansen
Resenha de álbum
Título: Perpétuo
Artista: Black Pantera
Edição: Deck
Cotação: ★ ★ ★ ★
♪ “Afro-latinos!…”, martela Charles da Gama, vocalista e guitarrista da banda Black Pantera, em Provérbios, marcando território já na primeira das 12 inéditas músicas autorais que compõem o repertório de Perpétuo, quarto álbum do trio mineiro de thrash metal / hardcore punk.
Com refrão em espanhol, Provérbios foi a música escolhida para anunciar Perpétuo em single editado em 26 de abril.
Encerrando neste fim de semana a turnê de Ascensão (2022), o álbum anterior que justificou o título e elevou o grupo a outro patamar na cena brasileira de rock pesado, abrindo portas no circuito de festivais, a banda Black Pantera inicia outra era com Perpétuo, disco posto em rotação em 24 de maio com capa inspirada em imagem emblemática do grupo norte-americano Panteras Negras em frente ao Tribunal de Oakland, na Califórnia (EUA), em 30 de julho de 1968.
Neste quarto álbum, a louvação da ancestralidade do povo preto e o ativismo explícito do trio na luta contra o racismo se afinam com sonoridade eventualmente mais melódica. É o caso de Tradução, música dedicada à mãe de Chaene da Gama (baixo e vocal) e Charles Gama (voz e guitarra), irmãos que formam o Black Pantera com Rodrigo Pancho (bateria).
Nesta música, retrato das mães pretas do Brasil periférico, os vocais mais claros e o acento melódico da música são tão fortes que evocam até o som polido da discografia mais recente do rapper Emicida, voz do hip hop que alcançou o mainstream almejado pela banda Black Pantera, que cita versos de Mano Brown (“Ratatatá preciso evitar / Que algum safado ou sistema faça a minha mãe chorar”) na letra de Tradução.
Perceptível em Candeia, faixa de vocais mais falados, a adição de percussão ao rock pesado do grupo também é uma das marcas de Perpétuo, álbum formatado ao longo de 14 dias no estúdio carioca Tambor, da gravadora Deck, com produção musical de Rafael Ramos.
Contudo, quem ouvir músicas febris como A horda, Mahoraga, Boom! e Promissória perceberá que o Black Pantera em essência permanece o mesmo.
Basta ouvir Sem anistia – veloz thrash metal de menos de um minuto e meio em que o trio versa sobre a tentativa de golpe ocorrida no Brasil em janeiro de 2023 –para entender que o álbum Perpétuo, assim como toda a discografia anterior, marca firme posição política.
Em Fudeu, música de acento funk hardcore, o alvo da banda são os policiais racistas que perseguem o povo preto e pobre. Já Mete marcha cita poema da ativista e escritora norte-americana Maya Angelou (1928 – 2014), Ainda assim eu me levanto (1978).
De pé, com altivez, o trio Black Pantera levanta a voz contra toda a opressão do povo preto, puxando fio que vem desde os horrores da escravidão, dando a devida ênfase a um tema que ainda precisa estar na pauta nacional. Nesse sentido, Perpétuo é álbum com o mesmo peso da discografia da banda.

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