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‘Alibi’, hit de Pabllo Vittar, demorou dois anos e meio para ficar pronta e teve mais de 30 versões; entenda

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Saiba os bastidores da música que reúne a drag brasileira com a iraniana Sevdaliza e a francesa Yseult. g1 analisa ‘Alibi’, feat de Pabllo Vittar com Sevdaliza
Antes de ser lançada em junho deste ano, “Alibi” teve ao menos 30 versões. Todas desenvolvidas durante dois anos e meio — ou nas palavras do produtor Mucky, em “muitas horas de lágrimas, suor e sangue”.
Agora, o feat da iraniana Sevdaliza com a brasileira Pabllo Vittar e francesa Yseult é uma das músicas mais tocadas no mundo inteiro. Está perto de repetir o feito de “Envolver”, de Anitta, e pôr o Brasil no topo do Spotify Global.
Produzida por Mucky, Mathias Janmaat e Sevdaliza, “Alibi” é um pop sexy e, sobretudo, multifacetado. Vai do funk brasileiro a batuques afrolatinos dos anos 80. Também traz o swingado do reggaeton e uma letra que transita entre inglês, espanhol, português e francês.
Ambiciosa, a ideia foi desde o início criar um “hino de estádio”, explica Mucky, em entrevista ao g1. “Não foi um processo fácil.”
“Tem sido uma jornada tão longa. São dois anos e meio de ajustes intermináveis. Muitas vezes, pensávamos: ‘Será que algum dia vamos concluir?’. Fomos indo e, no fim, estou muito orgulhoso”, diz Janmaat, também em entrevista ao g1.
As cantoras Yseult, Sevdaliza e Pabllo Vittar no clipe de ‘Alibi’
Reprodução/YouTube
Rosa, qué linda éres
Tudo começou quando Sevdaliza ficou viciada em uma música chamada “Rosa”, cuja composição é atribuída tanto ao colombiano Magín Diaz quanto ao grupo cubano Sexteto Habanero.
Diaz, morto em 2017, contava que compôs a letra aos 13 anos, quando trabalhava em uma plantação de cana-de-açúcar. “Rosa, qué linda éres”, teria dito ele, em declaração amorosa à filha do dono do engenho. A garota, que era branca, respondeu que não gostava de negros.
Tempos depois, nos anos 80, o colombiano gravou a música — a faixa está no disco pelo qual ele recebeu um Grammy Latino.
Ainda assim, a frase “Rosa, qué linda éres” era cantada desde 1927 pelo Sexteto Habanero.
Em “Alibi”, o verso é sampleado no refrão. Surge em coro, num formato quase cântico que complementa o trecho “acabei de matar um homem/ ela é o meu álibi”, entoado por Sevdaliza.
O hit do momento traz ainda os versos “Você lembra quando foi a última vez que se sentiu segura no escuro?/ esse mundo não foi feito pro coração de uma mulher/ Mas, mesmo assim, você se ergue em meio a tudo isso/ quando estou sem fôlego, ela é meu sinal vital/ quando preciso acelerar, ela é minha parceira fiel”.
“Liricamente, a música ganhou um novo significado. Antes, era sobre ser negro e estar apaixonado por uma mulher branca em uma época em que isso era impossível. Agora, há ali uma ideia de feminismo e empoderamento”, diz Janmaat.
Cena de ‘Alibi’
Reprodução/YouTube
Esse é o meu álibi
A letra de “Alibi”, que também aborda vulnerabilidade, amor e dor, foi composta por 11 pessoas. Entre elas, os brasileiros Rodrigo Gorky, Number Teddie e Pabllo, responsáveis pelos versos em português.
“Fizemos a letra em uns vinte minutos”, diz Gorky ao g1. “A nossa referência foi algo como samba de velha guarda. Era para ser um amor não correspondido, e na posição de quem diz ‘eu nunca te amei’.”
Ele conta que, naquela época, a percussão de “Alibi” era mais abrasileirada do que a versão atual, que mescla estéticas nacionais, iranianas, europeias, africanas e, sobretudo, latina-americanas.
Pabllo gravou sua parte em maio do ano passado, meses depois da francesa Yseult. Na música, o potente gogó da drag oscila entre os extremos do agudo e grave.
Cena de ‘Alibi’
Reprodução/YouTube
“Eu enviei a música para alguns amigos só para ter um feedback, e uma pessoa sugeriu que a canção começasse com a voz da Pabllo, isolada. Como se fosse uma ópera. Testamos e funcionou. Criou uma conexão instantânea que te agarra”, conta Janmaat.
O produtor explica ainda que a voz de Pabllo começa em som baixo e aumenta conforme o clímax da faixa.
Sevdaliza em ‘Alibi’
Reprodução/YouTube
Tudo pelo meu prazer
“Alibi” tem um drop bem evidente, ou seja, uma mudança estilística brusca.
Para isso, Janmaat e Mucky montaram uma “crescente sonora” que cria uma atmosfera misteriosa e dançante. Nela, estão um arranjo de baixo e batidas de funk e reggaeton. Elementos que, nestes dois anos e meio, mudaram muito de lugar na faixa.
Na maioria das versões descartadas de “Alibi”, era a voz de Sevdaliza que cantava o famoso “Rosa, qué linda éres”.
“Foi só na última fase da produção que eu a convenci de que deveríamos manter o trecho original do sample”, conta Mucky.
O refrão, que intercala o sensual vocal de Sevdaliza e o cântico latino, é agora trilha para milhões de vídeos de dança nas redes sociais. Até mesmo o mascote das Olímpiadas 2024 surgiu ao som, em frente à Torre Eiffel.
Na semana passada, Pabllo foi a Avenida Paulista, em São Paulo, dançar o feat ao lado de um famoso frequentador do local, o Porquinho da Paulista, um homem que canta fantasiado dos pés à cabeça. “Alibi” ficou ainda mais brasileiro.

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