Americana de 26 anos se destacou de vez em 2023 com ‘Priscilla’, mas viveu o ano de sua carreira em 2024 ao estrelar ‘Guerra Civil’ e novo capítulo da franquia de horror. Uma das grandes promessas de sua geração, Cailee Spaeny explica como escolhe papéis
Cheia de manias, Hollywood às vezes encasqueta com alguns atores, que passam a receber convites para estrelar projetos depois de projetos. A maioria não aguenta, seja por falta de talento ou pela simples pressão. Não parece ser o caso de Cailee Spaeny.
Aos 26 anos, a jovem do interior dos Estados Unidos vive um ano invejável com papéis de destaque em dois dos grandes filmes de Hollywood.
Em abril, foi coadjuvante ao lado de Wagner Moura e Kirsten Dunst em “Guerra Civil”. Em “Alien: Romulus”, sétimo filme da franquia que estreia nesta quinta-feira (15) nos cinemas brasileiros, vive sua primeira protagonista em uma grande produção.
Mesmo assim, o discurso é de humildade.
“Você só fica feliz por conseguir trabalho, como atriz, então essa é a primeira coisa. Só de ser uma atriz trabalhando já é uma realização em si só”, diz ela em entrevista ao g1 em passagem pelo país, em abril.
“Daí, se você conseguir chegar a um ponto em que começa a tentar fazer escolhas específicas, sabe quando dizer ‘sim’ a um projeto e ‘não’, eu acho que é meio um espaço raro para se estar.”
Esse ponto acontece menos de um ano depois do papel que a projetou em Hollywood, como a ex-mulher de Elvis Presley em “Priscilla”, trabalho que lhe rendeu a primeira indicação a um Globo de Ouro.
Uma sequência de sucessos dessa pode ser considerada sorte, mas também tem a ver com a personalidade da jovem, que conquista elogio pelas produções pelas quais passa.
Cailee Spaeny em cena de ‘Alien: Romulus’
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A nova garota final
Em “Romulus”, Spaeny interpreta a heroína, que em filmes de terror invariavelmente corresponde ao arquétipo da “garota final” – ou seja, a última sobrevivente.
No caso de um novo “Alien”, ela recebe o desafio maior de preencher um vazio deixado por Sigourney Weaver nos quatro primeiros filmes, uma interpretação que definiu um gênero.
Ficção científica, aliás, foi responsável pelo começo da carreira. Em 2018, ela surgiu para a indústria como uma jovem mecânica (e piloto de robôs gigantes) em “Círculo de Fogo: A revolta”.
“Não há um gênero específico para o qual eu sinta mais inclinação. É mais uma questão do cineasta. Porque terror e ficção científica são tão amplos, mas são os cineastas quem realmente brilham”, explica ela, sobre buscar trabalhos diferentes com grandes diretores.
“Em ‘Alien’, por exemplo, o Ridley Scott meio que pegou uma ideia de um filme B sobre monstros e transformou em uma colaboração de alta classe entre artistas. É por isso que aquele filme é o que é.”
‘Uma atriz maravilhosa’
Ela nem sabia, mas foi escolhida para ser a nova protagonista de “Alien” anos antes. Em diversas entrevistas à imprensa americana, o diretor (e corroteirista) Fede Álvarez conta que escreveu o papel pensando nela – depois de um teste para outro filme para o qual ela a considerou jovem demais.
“Um daqueles momentos na minha vida em que um ator entra na sala e eu penso: ‘Quem é essa pessoa?'”, afirma ele à revista “Dan of Geek”.
Esse tipo de magnetismo é responsável pela sequência anterior ao terror. Dizer que seu primeiro filme não foi um grande sucesso é um eufemismo, mas a atuação de Spaeny chamou a atenção da cidade.
No mesmo ano, ela teve papel importante no estranho “Maus momentos no Hotel Royale”, com Chris Hemsworth, e uma participação menor na cinebiografia “Vice”, estrelada por Christian Bale.
Em 2020, foi uma das protagonistas do esquecível “Jovens Bruxas – Nova Irmandade” e entrou para o elenco da minissérie “Devs”, criada por Alex Garland (“Ex Machina”).
Cailee Spaeny e Wagner Moura em cena de ‘Guerra Civil’
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Sua segunda ficção científica em quatro anos também rendeu. Depois de trabalharem juntos, o cineasta britânico escreveu o papel em “Guerra Civil” para a atriz.
Durante as gravações do épico distópico, ela deixou uma marca forte em seus companheiros de elenco – algo que poderia ser negativo em um “filme de viagem” no qual quatro personagens dividem um carro durante boa parte da trama.
“Ela é maravilhosa, cara”, declara Moura, que teve contato direto com a jovem. Seu personagem, um jornalista de guerra veterano, se torna um dos mentores da aspirante a fotógrafa interpretada por Spaeny.
“Cailee é uma menina incrível. Uma atriz maravilhosa. É uma pessoa massa. Eu torço demais por tudo. Acho ela incrível e concordo com você. Acho que ela vai ter uma carreira linda e meteórica.”
A essa altura você já deve ter entendido o próximo passo. A amizade com os colegas foi responsável pelo seu próximo papel. Dunst, amiga da diretora Sophia Coppola, recomendou a jovem para viver uma jovem Priscilla Presley.
“Eu tento refletir muito sobre minhas escolhas. Tento acreditar de verdade nas histórias que estou contando. Tento fazer filmes aos quais eu quero assistir. E me tornei incrivelmente sortuda por trabalhar com pessoas como Sophia Coppola e Alex Garland”, afirma Spaeny.
O futuro da conquistadora
Com boa recepção da crítica e perspectivas favoráveis em relação às bilheterias de “Romulus”, a jovem volta a gravar após cerca de um ano de hiato.
De cara, já faz parte daqueles elencos que parecem conter todo os grandes talentos promissores de uma geração. Na continuação de “Entre facas e segredos” (2019) e “Glass Onion: Um Mistério Knives Out” (2022), ela se junta a Daniel Craig, Andrew Scott (“Ripley”) e Josh O’Connor (“Rivais”).
Em seguida, estrela a segunda temporada de “Treta”, antologia cômica que dominou suas categorias no Emmy em 2023.
“Eu também tento meio que jogar para o mundo que eu quero interpretar um personagem completamente diferente do que eu já fiz, ou em um gênero completamente diferente. Sinto que fiz coisas meio diferentes, personagens, papéis, cineastas. Vamos ver se consigo manter assim.”
Cailee Spaeny interpreta Priscilla Presley no filme “Priscilla”
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